Maus amigos são aqueles que falando candidamente, insinuando, bajulando e fazendo habilidoso uso das palavras, conquistam o coração dos ignorantes e destroem a bondade da mente das pessoas."
Nitiren Daishonin

domingo, 26 de setembro de 2010

Doce ou amargo?



Eram duas crianças. Brincavam de peteca, vivo ou morto, queimada, empinar pipa, guerra de água no Carnaval, etc., mas com um detalhe: estavam sempre no mesmo time. Também fizeram traquinagens, como correr escondidos dos pais sob a chuva, tocar campainha na casa dos outros e sair correndo, conversar através das paredes através de um copo (se alguém não souber como é isso, pode perguntar que explico).

O tempo foi passando e, na adolescência, a vida cuidou de separá-los, quando suas famílias se mudaram de residência e de bairro. Após 50 anos, ela já não se lembrava mais de muitos detalhes, mas a ternura ficara guardada. Aquela pureza não mais encontrada nos dias atuais fizera-lhe muito bem. Ele estaria para sempre no seu coração como uma das poucas coisas boas que lhe acontecera na infância.

Mas, um reencontro estava marcado pelo destino. Através de um contato telefônico voltaram a se falar e a curiosidade marcou um encontro. Esse encontro foi um jantar na véspera do aniversário dela. Não se reconheceram, a princípio, mas relembraram toda a infância em meio a muitos risos. Agora não havia mais motivos para timidez. Ele, muito cavalheiro, proporcionou-lhe um jantar maravilhoso, num fino restaurante, onde não faltou um delicioso vinho, um bolo de chocolate e as rosas vermelhas mais lindas que ela já tivera oportunidade de receber. Ela estava extasiada: havia reencontrado o primeiro amigo de verdade que tivera!

Na despedida, apenas a promessa dele de deixá-la retribuir o jantar por ocasião do aniversário dele, pouco tempo depois...

Talvez o vinho o tivesse feito se esquecer desse último detalhe, mas ela se lembrava muito bem e cuidou de preparar tudo com muito cuidado para que ele tivesse o mesmo tratamento vip que ele lhe dera. Reservou uma mesa num fino restaurante, comprou um lindo vestido e começou a pensar no presente. Oh, dúvida cruel! O que dar para um homem fino como ele? Por que não reparara melhor no seu manequim para imaginar o número? Como não lhe perguntou sobre seus gostos? Bem, de uma coisa ela tinha certeza: ele gostava muito de vinho. Então, iria lhe comprar um vinho muito bom. Não, muito bom seria pouco. Um ótimo, um sensacional! E assim foi feito.

Eles não haviam mais se falado. Ela ligou dois dias antes da véspera do aniversário para lembrá-lo. Ele confirmou, apenas dizendo que talvez não pudesse ficar até tão tarde devido a um compromisso assumido no dia seguinte muito cedo. Tudo bem para ela, afinal, em algum lugar do mundo seria meia-noite quando naquele restaurante ainda fosse 22 horas. Bastaria imaginar-se nesse lugar... Ela não havia contado a ele nenhum detalhe do jantar, então, no dia exato, ligou para marcar o encontro e ele apenas disse-lhe que havia pensado bem e que achava melhor não ir devido aos documentos que ainda teria que preparar para o compromisso do dia seguinte... Ela poderia ter insistido, mas não ficaria bem.

Naquele momento, ela possuía, além da experiência adquirida pelos anos, como sempre em nossas vidas, duas opções quando se recebe algo amargo. Esfregar no olho e chorar ou colocar açúcar, um pouco de pinga ou vodka e se deliciar.

Ela optou pela segunda hipótese. Afinal, acabara de ganhar uma garrafa do melhor vinho que já havia tomado em sua vida.

...

(e ele, ainda é em seu coração, o doce amigo da infância...)

...





Sueli Benko

sábado, 11 de setembro de 2010

Letrix


E
L
A
I
N
Espirituosa//Dedicada//Toda prosa







G
E
I
S
Amiga//Introspectiva//Instiga






S
A
N
D
R
Aconchego//Coração//Pura emoção






S
U
E
L
Inteligente//Decidida//Sensitiva






Escrito por Majoli